domingo, 29 de maio de 2011

Venus

Escrito em 13/02/10


Calada me encontro enquanto procuro dentro da noite o frescor. O sol já não queima mais a terra, mas ainda se encontra dentro dela, transmutado em calor. E dentre todas essas ondas que sacodem o mar, atrás de cada pequeno pedaço de luxuria, eis que em você encontro a loucura de tocar tão profundamente algo que nem sei se existe.
Verde como só o amor poderia ser, a cada doce encontro, um doce encanto, como ipomea a florescer azul e gloriosa pela manhã. Dentre todas as belezas, como Vênus a erguer-se do mar, feita bela de espuma branca, do membro cortado, o corpo, a fala e os lábios, estonteantemente recordo-me de algo não dito, não tocado, mas tão profundamente escrito numa pequena frase.
Ah, eu estou apaixonado!
O vento ainda sopra o calor e perdida não sei onde devia deitar-me para escutar as lamurias das loucuras jamais ditas, ou explicar porque há tudo que se sente, sem saber porque se sente, onde é dita a verdade, ou se mente. Devo não pensar. Não, não pense! E ao acordar julguei ser você aquele mar que pousou entre suaves espumas dentro de um sonho intenso, fiel foi o lamento por não estar lá.
Tão gloriosa Vênus previu o nascer do sol e a aurora silenciosa tocava o horizonte com seus dedos coloridos e de mim fugiu o juízo ou qualquer tipo enfadonho de racionalidade. Bem, essa é a verdade, não há intelecto no mundo para descrever isso. Foi-se também o tempo embora com teu sumiço e em noites quentes como essa, corro para o bar e afogo-me num copo de esquecimento. Doce tormento, de esperar para que um dia o vento me leve e bem próximo ao mar em teus braços entregue, eis que aquela frase haverá de soar…
Como um sino…
Não me entristeço, sigo sorrindo, escondendo por trás de lábios doces o amargor da saudade e como Vênus em palco, curvo-me aos aplausos de seres verdes que sabem dessas coisas amorosas muito melhor que eu. Corro para a cerveja, para que fique bêbada e entre tantos eu encene como a melhor das atrizes, uma ausência de saudade tão ludibriante que é impossível não ver que está aqui.

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