quinta-feira, 31 de maio de 2012

Só voltar para casa


Às vezes quando a tristeza bate na porta da cozinha não tem muito como evitá-la, então é um sentir, é como uma visita incomoda. Às vezes é um tom de fracasso que se esconde embaixo do travesseiro, às vezes é um mal estar no estômago, às vezes é minha cara feia mesmo. Às vezes é o ônibus que você perde quando está atrasado, às vezes é o mau humor do seu colega de trabalho. Às vezes é só um desejo suicida, sempre é um desejo suicida.

De vez em quando a escuridão bate à porta e coloca um prato frio na mesa, algumas velas e um pequeno vento frio. Às vezes era só uma caminhada no parque, às vezes era só um sonho pintado num papel de boca. Às vezes é só sorrir e fingir que está tudo bem, às vezes é só se alegrar com todos os defeitos na roupa que você veste, porque alguém te deu. Às vezes são apenas linhas que se desenham. Às vezes é só mais um final de semana solitário.

Às vezes é só voltar para casa. Só voltar para casa. 

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Cão



Há um espaço aberto, um tipo de buraco negro que rodopia sem parar. Onde ele está? Onde ele está? Somente o sopro do vento, o barulho da chuva, a pele arrepiada. Eu estou ficando velha.

Há um deus de viver num cão? Há um cão? Há um deus? Tem alguém em casa?

Esse assunto gira em minha cabeça de vez em quando, às vezes não parece ser tão importante quando você não sabe por onde começar. Sinuosas estranhezas num quarto parcialmente ensolarado. E enquanto alienígenas preenchem os meus sonhos eu questiono sobre a nossa humanidade. Irônico, não acha?

Mas às vezes o que resta é o barulho da chuva e isso dá um suave toque de perplexidade. Tão real, quanto o sonho que se despedaça com o despertar. Tão fantástico quanto uma perfeita melodia ao piano. A musica diz que o tempo está ao meu lado. Mas no final eu só tenho o barulho da chuva.

De vez em quando o passado desocupado bate a porta. Há algum correspondente para colocar isso no jornal de hoje à tarde? Não se preocupe, não se preocupe... Os olhos de Desespero às vezes são ardentes e insanos, mas depois que tudo passa te resta apenas uma questão: O que foi que eu fiz?

Não é motivo de fato para se preocupar. Porque de vez em quando o universo em seu mau humor costumeiro gosta de apagar as luzes e fechar as janelas. E bem, ainda não soube de um médico qualificado para dizer a ele que ele é bipolar.

Quero de vez em quando se torna estranhamente meu verbo preferido. E indiferença é uma máscara que eu visto quando percebo que deuses de vez em quando também vivem em cães. De vez em quando há um tipo de estreiteza em minha visão. Mas quem não pode ver? Quem não pode ver?

É fácil bater em minha porta quando não resta mais nenhuma opção. Há um deus de viver num cão? E é fácil ser uma perfeição quando se espera algo em retribuição. Há um deus de viver num cão?

Não que isso seja muito difícil. Mas pode ver que as velas estão queimando? As velas estão queimando! E elas se apagam, pois não há como se manterem acesas por muito tempo. (Seria por isso que o universo apaga as luzes de vez em quando?)

Eu estou doente. Estou doente. E queria que fosse um bom poema. Mas cães não escrevem poemas. E os caminhos para as serpentes é sempre sinuoso. Mas assim é a vida... Resta o barulho da chuva.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Não dou a mínima



Sonhos estranhos preenchem minha noite, então quando eu acordo para viver o dia eu entendo que o convite a insanidade é apenas um meio de se viver bem e em contato com a Fonte. Nós estamos desejando muito, estamos desejando muitas coisas e às vezes estamos tão apegados em nossas crenças que sequer nos damos conta de que é apenas um amontoado de pensamentos inúteis e desgastantes.

Definitivamente eu não quero ter razão, eu não quero estar certa, eu não quero ter certeza de que tudo o que está em minha mente, ou a minha filosofia ou as minhas crenças são em última instância a verdade absoluta do universo. A verdade é apenas uma inverdade. Estar ou não estar, ser ou não ser, isso não importa, definitivamente não importa. Você acha que eu estou muito preocupada? Você realmente acha que eu estou muito preocupada?

Gosto quando calamos a boca e olhamos nos olhos. Gosto quando não faz a menor diferença se eu sou redonda e você é quadrado. Eu gosto de andar pelas ruas e olhar os carros, sentir o vento batendo em meu rosto. Eu estou realmente esgotada de pensar tanto, de temer tanto, de esperar tanto, de me preocupar tanto. Isso significa que hoje eu acordei para apertar o botão do “foda-se”, eu não dou a mínima. E eu não escrevo isso porque eu quero compartilhar, eu escrevo isso porque eu quero que alguém saiba de mim, porque eu sou humano e às vezes, só às vezes eu preciso de um pouco de atenção.

Eu só estou querendo aprender a gostar do desconhecido ao invés de viver morrendo de medo dele. Eu só estou querendo mostrar para o mundo que eu estou detestando a minha mania de esperar a perfeição, ou me tornar a pessoa ideal. Eu não sou ideal, eu não sou perfeita e nem estou ligando mais para isso. O que você pensa sobre mim é simplesmente um problema seu. E é assim que eu estou querendo viver, é assim que eu estou procurando agir e isso é sim um aprendizado.

Se me aceito, não preciso que os outros me aceitem. Se me amo, não preciso que os outros me amem. Se me sinto bem comigo mesma, não preciso que alguém me faça bem. Se escuto as minhas musicas favoritas, não significa que eu não gosto de você por gostar de coisas diferentes. E nada disso significa que eu não me importo com aqueles que eu gosto, eu me importo, eu admiro pessoas, eu as trato com carinho. Mas a fonte, a fonte disso tudo, tem que estar fluindo dentro de mim, do contrário serei apenas mais um mendigo implorando por uma migalha de afeição.

A fonte, toda aquela corrente de água viva que dá vida a tudo no mundo está bem aqui dentro de mim. E é isso que importa. Eu não sou adequada? E daí? Estou para conhecer quem realmente o é. Não sou engessada e não estou interessada. Definitivamente não estou interessada. Pego novamente minha mala de liberdades mal resolvidas e dou um lindo grito: eu não dou a mínima!




Água Viva

Raul Seixas

Eu conheço bem a fonte
Que desce aquele monte
Ainda que seja de noite
Nessa fonte está escondida
O segredo dessa vida
Ainda que seja de noite
"Êta" fonte mais estranha,
que desce pela montanha
Ainda que seja de noite.
Sei que não podia ser mais bela
Que os céus e a terra, bebem dela
Ainda que seja de noite
Sei que são caudalosas as correntes
Que regam os céus, infernos
Regam gentes
Ainda que seja de noite
Aqui se está chamando as criaturas
Que desta água se fartam mesmo
às escuras
Ainda que seja de noite
Ainda que seja de noite...
Eu conheço bem a fonte
Que desce daquele monte
Ainda que seja de noite
Porque ainda é de noite!
No dia claro dessa noite!
Porque ainda é de noite

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Uma luz apagada



Às vezes as luzes simplesmente se apagam. O que haveria de errado com a escuridão? Às vezes o porão está muito empoeirado para conseguir ver algo lá dentro. Às vezes quando você caminha pelas ruas (para comprar cigarros?) as pessoas são nada além de pequeninos vultos na escuridão. Às vezes tudo o que você quer fazer é chorar até secar aquele gigantesco rio que corre dentro de você.

E eu não vou mais perguntar o que há de errado comigo? Eu não vou mais perguntar coisa alguma para eu mesma. Às vezes eu acho que eu só queria uma cama cheia de rosas para me deitar. O que há de errado na depressão? O que há de errado se eu não sou a garota com a qual alguém sonhou? O que há de errado quando eu só quero me sentar e ouvir aquela musica tantas vezes quanto eu achar necessário? O que há de errado?

Estou cansada de olhar para o céu em busca das estrelas essa noite! Estou cansada de me sentar na margem do rio e observar que nunca é a mesma água! Estou cansada de me sentar diante desse computador e pensar como os grandes pensadores saberiam fazer, não que eu seja grande, na verdade eu sou muito, muito pequena. Eu sou aquela pequena flor que insiste nascer no deserto.

Às vezes quando o vento sopra, eu sinto que há algo de novo no ar e me esqueço que tudo está apenas sendo arejado. Eu só sou uma garotinha, uma garotinha que desenhou alguns sóis esperando que a tempestade fosse embora com isso. Você sabe o que acontece com garotas como eu? Nem eu!

Às vezes eu acho que sei tudo, quando na verdade eu não sei de nada. Mas quando as luzes se apagam resta apenas a escuridão de ser o que eu sou. E nem vou querer saber se algum dia alguém como você vai deixar que minha escuridão te invada. Porque quando se tem algumas pílulas nadando em seu estômago, escuro ou claro não faz nenhuma diferença.

Não, não há o que pensar. Eu sou apenas uma luz apagada. Apenas uma luz apagada.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Espelho



Atravesse o espelho homem, atravesse o espelho. Eu sei que você é alto, sei que é alto, bonito e azul. Eu te reconheço, eu sei quem você é. Do mesmo modo como eu vi os cachorros de manhã. Nós sabemos quando olhamos para o céu que isso é algo que só pode ser sentido. Então, é interessante que eu me abra a sabedoria do universo.

E quando você olha o seu rosto no espelho percebe que há um céu profundo e azul dentro de sua cabeça. E isso soa como algo muito, mas muito esquisito. Porque as palavras se encontram justamente onde isso não é possível dizer. Não se exprime o inexprimível. Não fosse isso eu diria, meu querido, para você pegar a sua pequena dose do dia! Existe mais em suas mãos do que o que está conseguindo imaginar.

E nesse espelho está impresso além de seu rosto, todo um caminho para o universo. Quando você olha no espelho, todos os mundos se abrem para você. Foi isso o que Narciso viu e não outra coisa, pois não há nada mais belo do que olhar para adiante das portas do espelho.

Mas, querido, ouça, porque eu estou tão confusa que meus sonhos parecem ter sidos engolidos por uma enorme serpente. E quando eu sinto que eu estou tão fechada, é para a Mulher dos Ossos que eu devo olhar. Porém, esses são mistérios femininos que eu não sei se você poderá compreender. Então, eu tenho que imprimi-los em seu corpo enquanto fazemos amor. E esse é também um mistério feminino.

E de um modo que não se pode dizer os motivos, nós estamos exatamente no lugar do universo onde devemos estar nesse momento. E o passado me chama ao telefone celular e meu peito aperta como nunca antes. E então, quando você olha para o céu, não há mais nada de conhecido lá, só milhares de novos planetas. E você diz: “Uau assim é o futuro, nunca há nada de conhecido lá”.

Duvido que você não saiba por que me mantém nessa gaiola. Mas não entendo também porque nada é dito. Porém, querido, quando o vento sopra, não é apenas poeira que voa pelo ar, mas todo um tempo de acordo para um ensinamento efetivo. E realmente não estou me importando se isso realmente faz algum sentido. De todo modo, existe mais do que nós podemos conceber. Não se pode ter certeza da imagem se o quebra-cabeças ainda não está todo montado.

Por que sempre há essa ponta de tristeza? Por que sempre uma dose de sofrimento, garotinha?

Onde os lábios não podem proferir as palavras, a boca em si mesmo já é toda expressão. E sabe qual é o sentido disso? Sentido soa como somente sentir. Que menina tola eu que sem ter qualquer talento para isso, ainda tenta mentir. Mentir o que se sente? Para chegar onde? E quem foi que disse que temos que chegar a algum lugar?

Você não está entendendo, não está entendendo? É tudo uma ilusão, uma ilusão! Então, por favor, desculpa se eu soar grosseira, mas o meu carro precisa correr. Meu carro precisa correr. Mas, não se assuste, é apenas uma corrida. E quando eu penso na morte, então seus dedos gelados dão sentido à coisa. E o que é mais engraçado, porque é a morte quem sabe viver. Se isso é assim, então certamente deve haver algum tipo de conforto nela. E sendo de uma maneira engraçada a morte uma mulher, poderíamos supor que existe compaixão nela. Sim, eu busco aquela velha que dança com os crânios dos mortos pendurados em sua saia!

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Enchendo Línguiça



A vida simplesmente é uma loucura. Que outra coisa ela poderia ser? Até pouco tempo atrás eu não teria a menor idéia de que minha vida estaria da maneira como ela está agora e tampouco que eu tinha que lidar com muitas necessidades das quais tenho que lidar agora. Castañeda fala sobre isso em um de seus livros quando diz: “Há muita coisa que você faz agora que lhe teria parecido loucura há 10 anos. Essas coisas em si não mudaram, mas sua concepção de si mesmo mudou; o que antes era impossível é hoje inteiramente possível, e talvez que o seu sucesso total em se modificar seja apenas uma questão de tempo. Nesse assunto, o único caminho aberto a um guerreiro é agir persistentemente e sem reservas. Você já sabe o suficiente sobre o procedimento do guerreiro para agir de acordo, mas seus velhos hábitos e rotinas o atrapalham.”

Hoje eu tive que evocar o elemento espírito para dar um jeito no fuzuê que os outros quatro elementos estavam fazendo dentro de mim, o desequilíbrio interno pelo qual eu estava passando. Então, isso também me fez refletir um pouco a respeito da auto-análise. Tenho me acostumado a ouvir que o auto-conhecimento é muito importante, o que eu concordo de fato, porém o que me fez pensar muito sobre isso foi minha própria instabilidade durante os dois últimos dias quando eu realmente decidi que eu tinha que me retirar do social para efetuar uma perfeita evocação do espírito dentro de mim. Então, hoje em que eu tive uma prática muito mais forte e de verdadeira entrega com um ótimo resultado, fiquei realmente questionando se a necessidade de se falar tanto ou de se analisar tanto a si mesmo em termos racionais, é realmente a forma mais eficaz de se encontrar um equilíbrio interior.

Tive um sonho daqueles hoje de manhã, cheio de símbolos e eu nem quis interpretá-lo, não porque ele não seja importante, talvez sua mensagem estivesse clara demais para mim, mas esmiuçar tanto e deduzir, veja bem, DEDUZIR, que possa ser isso ou aquilo, ou uma mensagem complexa de algo, pode causar mais confusão do que trazer a lucidez necessária em certos casos. Isso me fez questionar se essa tendência a um auto-conhecimento totalmente voltado a uma descrição racional de um estado “x”, ou de um eu y, não é apenas uma obsessão egocêntrica.

Estou questionando na verdade até onde há um real interesse de desenvolver o interior e se auto-conhecer, para a linha tênue de um egocentrismo desvairado onde sentimos um profundo prazer em observar narcisisticamente o quanto somos especiais por sermos doidos. Até onde vai realmente um desejo sincero de cura para então se transformar numa neurose. Penso hoje, e amanhã eu posso sim mudar de opinião, que os porquês são extremamente sensuais e por sua sensualidade eles poderiam parar por aí. Às vezes pode ser delicioso ser simplesmente uma incógnita.

Estou há dez anos fazendo terapia e é impressionante como eu ainda tenho que fazer muito por mim mesmo para parar de me interessar em pessoas destrutivas, só de pensar na quantidade de coisas que eu tenho que fazer para mudar, fico desanimado” – li numa mensagem de um grupo de auto-ajuda que faço parte. É pra se pensar, não? Dez anos se esmiuçando todo na terapia e nada?

A verdade é que para se conviver em sociedade é imprescindível cuidarmos dessa parte “ego” de nossa natureza, que é segundo alguns espiritualistas apenas uma ilusão. Jung é um cara legal que foi mais além, que disse uma coisa bacana que era que sem uma real experiência mística não haveria cura. Então você pega um Víctor Sánchez dizendo que sem dar uma atenção ao Nagual, sem trabalhar com ele é impossível que tenhamos uma real transformação no nosso modo de ser. Acho que estamos começando a chegar lá!

A primeira vez que você se levanta dentro de um sonho lúcido e olha ao redor dizendo para si mesmo: “Eu estou sonhando”, você simplesmente tem a sensação de que não sabe de coisa alguma sobre si mesmo”.

Só pra cultivar a dúvida.

Somos um ser dual segundo alguns e uma legião segundo outros. E ainda podemos dizer que não somos coisa alguma.

Minha mente não sou eu, minha mente está em mim.

Reconhecer – Aceitar – Investigar – Não se Identificar.


Hohoho  Papai Noel chegou! :P

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Árvore



A manhã nasce cinza, como às vezes parece que são meus pensamentos. A musica se repete infinitamente, rodando e rodando e rodando. Eu estou em outro lugar agora, talvez lá naquele canto do mundo onde a musica simplesmente nasce, ou onde o vento sabe que eu simplesmente preciso cantar, ou onde você está escondido.

Por que está triste, menininha? Por que está triste?

Num milésimo de segundo e o mundo encolheu ao ponto de todos os sonhos estarem na porta da minha casa. Você pode tocar isso, ser brilhante? Você pode tocar isso? É como um raio de sol que brilha no lago cristalino, não fossem seus olhos tão escuros como a noite, eu diria, sim, eu diria que eu acolheria todas as flores do mundo no nosso jardim sagrado.

Você está pronto agora? E você esteve pronto algum dia? Você pode me dizer se o sol está pronto para nós agora? E aquela casa cor de rosa no fim da rua brilhante? E os laços amarelos que deixaram apenas uma sensação? Apresento-te Delírio! Sim, Delírio!

Às vezes eu só preciso dizer coisas, às vezes eu só preciso ouvir coisas! Às vezes... Às vezes é só um amanhecer dourado com Sowilo a pintar o céu. Mas está tão cinza, está tudo tão cinza. Onde foram as cores, querido? Onde foram aquelas luzes dançantes que pintavam as paredes do meu quarto?

Você me deixaria aqui sozinha enquanto eu sinto frio? E você continuaria pintando aquelas nuvens? E o que nós temos feito? As palavras saltam de meus dedos como se  eu estivesse a tocar piano! Ah, sim, querido, estamos falando de coisas coloridas e cheias de calor. Mas você percebe que às vezes tudo parece que está simplesmente espiralando?

Você pode segurar aquela lanterna e mantê-la acesa até que a noite termine? E você pode estar aqui quando o dia amanhecer? Porque eu às vezes só gostaria que as pessoas ficassem quietas por um momento, só por um pequeno momento para que eu pudesse ouvir você sussurrando todos esses sonhos ao longe. Tão longe! Tão perto!

Onde coloquei minhas botas? E em que estrada nossos choros ficaram escondidos entre a vegetação? Você me manterá aquecida agora, querido? Porque essa sensação de estar em seus braços às vezes me faz acreditar que tudo não passa de uma pequena brincadeira. Nós sabemos, sim, nós sabemos que o universo gosta de rir.

Você deixará minha escuridão te invadir? Você permitirá? Você pode permitir? Porque está tão frio aqui agora, está tão frio enquanto você está pintando todos esses sonhos de longe. Estamos tão perto. Estamos tão longe. Eu deixo! Eu deixo...

Eu permito. 

E estou na ponte agora!

O que está fazendo? O que está fazendo agora?

Suspiro...


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