quarta-feira, 15 de junho de 2011

Eu minha

Os dias às vezes têm a ironia de se tornarem vazios, eu rebuscaria palavras se eu tivesse paciência para isso. Não se trata, obstante, de adequado e inadequado, muitas vezes o que se sente é apenas uma distorção daquilo que se crê. As crenças dançam entre os escombros de uma história escrita de uma forma bastante inusitada. Inusitado soa sempre como algo bastante positivo, mas às vezes o inusitado pode ter o pior dos tons, como um cinza escuro, um pessimismo.

Os olhos percorrem tantas histórias que às vezes não consegue distinguir o que é o outro e o que sou eu. Um borrão enlameando o vácuo do universo, descrevendo linhas nunca antes vistas, como a matéria escura que sustenta tudo. O que seria? O que seria? Senão um tipo de choro contido pela falta de perspectiva. Já escrevi algumas histórias no decorrer da minha vida e foram poucas que obtiveram um final feliz.

Meus dedos percorrem essas linhas imaginárias que desenham formas abstratas, mas que falam entorpecendo toda a minha alma. Eu poderia percorrer todos esses sentidos e meu perfeccionismo para apenas impressionar você e me desenhar tal qual uma atriz a encenar mais um personagem. Mas creio, sobretudo, que isso é bobagem, pois é só mais uma forma de mostrar que dentro do canto escuro onde a noite deita o seu lamento, eu apenas estou com medo.

Não, não sou dentre as mulheres a mais bela, feito Afrodite a dançar em espumas suaves, tampouco sou entre os mortais a detentora da mais magnânima sabedoria, feito Atena nascida da cabeça de Zeus. Sou, portanto não mais uma, porque dentre todas as pessoas posso conceber-me como um ser único e perfeito em sua imperfeição. Mais uma em face de manifestar a beleza do universo em toda a sua diversidade. Mas dito isso, sou e sempre serei aquela a sonhar, muitas vezes com pranto no olhar, a desmistificar a minha própria existência, sendo ainda eu mesma um grande mito.

Apenas hoje eu me nego o direito de entristecer ou enciumar, eu me nego ter de priorizar coisas que não são minhas, seres que não sou eu. Altamente atenta de minha unicidade, originalidade e expressão. Deito uma prece, como sempre deitei, mas não me ajoelharei, nem implorarei, tampouco deixarei que isso me contamine. Não perderei meu sono e não mais odiarei, seja o que for. Essa é a concepção, minha nova filosofia de vida, ser eu tão minha quanto jamais qualquer outra pessoa poderia.

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