quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Nada



Não quero pensar, só por agora, não quero pensar... Eu agarrei um momento, um momento onde os barcos estavam todos ancorados e as enormes ilhas estavam atrás deles, é só um momento, um momento eternizado por minha memória. Um momento...

O navio parte, seu rumo o horizonte infindável, as ondas calmas, o sopro do vento, a luz do sol suave repousando na paisagem serena. O navio vai, não sei bem para onde, o navio vai e talvez reste uma saudade daquilo que se deixa, uma saudade daquilo que se vai, uma saudade... Encarcerado o coração da tristeza que não se sabe de onde vem e mesmo se soubesse não se falaria sobre isso... Não falamos mais sobre isso... O gato comeu a nossa língua. E o gato está morto. Nós também morremos?

As regras se escondem embaixo das cobertas em dias frios como esse. As regras escorregam para debaixo do tapete do desejo. As regras foram feitas para serem quebradas, como copos de cristais estourando ao som da voz aguda. Regras gostam de ter sentidos, como eu sinto, não me importa o sentido, como eu sinto aquilo que já havia sentido. Sentido, passado ou direção?

Mas essa é só uma tarde e os barcos não estão ancorados, o vento sopra as velas, o capitão gira o leme e a margem já não está mais tão próxima. O silêncio do tumulo, o silêncio do balcão do bar. E aqui vou eu novamente, rumo ao desconhecido, rumo às novas conquistas, rumo sabe-se lá pra onde.

A vida é um jogo e em jogos se perde e se ganha. Em jogos só o que fazemos é jogar e eu acho que me sinto um pouco cansada, um pouco indisposta, um pouco sóbria demais. E o que dizer daquele que me tira do mar furioso? O que dizer de deixar as águas rumo às terras seguras? O que dizer?

São imagens, imagens que se sente, imagens que se preenchem, como uma taça a se encher de vinho, como um copo a se encher de saudade, como uma cachaça a nos encher de embriaguez. Como? Os dias se vão, não há urgência, nada é tão urgente quando pensamos que somos eternos, quando estamos cheios de nossas certezas... E eu me escondo nos pinheiros. E nada é urgente. Nada é.

Nada, o mar ou o vazio? Nada é pra sempre, nada é vazio, nada entre as ondas. Nada. Eu estou com sono, querido, estou com sono e preciso dormir. 


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